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Millo Corvo em Bueu

Pratos saborosos com espigas pretas

Bueu recupera esta variedade única de milho que estava quase extinta há duas décadas.

A cor preta é a sua imagem de marca. Daí o seu nome: millo corvo. Um nome, por sua vez, ligado a dois outros: o de Bueu, onde se realiza a sua festa; e o da Associação Cultural do Meiro, encarregada de realçar os benefícios desta iguaria numa celebração que já foi reconhecida como uma atração turística. Este milho, que se distingue pelo seu grão de cor escura, acrescenta à degustação a apresentação de outros produtos artesanais e ecológicos.

 

Millo Corvo en Bueu

Millo Corvo em Bueu

Estas peculiares espigas provêm das que foram semeadas originalmente nestas terras de O Morrazo. Os primeiros testemunhos do cultivo do milho remontam ao século XVII. Com o passar do tempo, a colheita do milho corvo deixou de ser feita nas zonas arborizadas e naquelas zonas onde era necessária uma variedade para servir de protetor das outras e praticamente desapareceu, sendo substituída por outras espécies.

Recuperação da espécie

Assim, em O Morrazo, foi necessário levar a cabo um processo de recuperação desta espécie. Este processo teve lugar em 1998. Quase extinta, procuraram-se os grãos e as técnicas de cultivo mais adequadas até que os tons escuros voltaram a aparecer nos campos de milho. Visitaram-se as aldeias de O Morrazo e interrogaram-se os vizinhos, especialmente os mais velhos. Atualmente, esta festa, de interesse turístico na Galiza desde 2009, oferece aos visitantes todo o tipo de actividades históricas, etnográficas e gastronómicas com a chegada da primavera.

Assim, é possível visitar os moinhos para observar o processo de moagem do milho, assistir a actuações de grupos musicais locais, provar a queimada enquanto se ouve o seu "esconxuro" ou experimentar elaborações muito diferentes com este produto como base. Destaca-se o pão cozido com farinha de milho, que também se distingue pela sua cor escura, e outras iguarias que chegam às mesas do Meiro, como as tortas e os pastéis. E, mais uma vez, o milo corvo prova que vai bem com biscoitos, nozes, amêndoas ou fruta.

Entre os pontos principais deste evento estão também os moinhos d' O Canudo e d'A Presa, onde se moe milho todos os anos. Este último, que data de 1800 e foi restaurado em 1996, foi precisamente o que impulsionou o evento. Tem um piso térreo e a água é captada diretamente do rio através de um canal de pedra que permite a moagem do milho.

Técnicas tradicionais

O processo de obtenção do " millo corvo " segue atualmente as instruções aprendidas durante séculos: em Bueu, procura-se que todo o processo seja o mais natural e artesanal possível, tal como o foi para as gerações passadas. Assim, a sementeira, a colheita, a apanha e a conservação do cereal são marcadas por métodos e técnicas tradicionais, o que confere um sabor único aos pratos que centenas de visitantes vêm provar todos os anos à aldeia de Meiro.

 

Festa do Millo Corvo

Festa do Milho Corvo

Bueu celebra desde a plantação e o cultivo até à confeção de diferentes pratos com o milho corvo, uma espécie que outrora servia de barreira natural entre a floresta e o próprio milho branco, afastando os predadores, e que hoje é a principal protagonista. Com a sua recuperação, o Meiro regressa ao passado sempre que se realiza uma das actividades de colheita, ao mesmo tempo que favorece o respeito e a valorização do ambiente. Assim, para além do milho corvo, outras variedades tradicionais como o milho branco ou vermelho estão em exposição neste encontro.

Slow Food

Foi em 2006 que a organização Slow Food, defensora dos princípios da alimentação tradicional e amiga do ambiente, incluiu o milho corvo no seu prestigiado catálogo "Arca do Gosto". Na altura, era um dos poucos produtos espanhóis incluídos nesta lista, graças ao trabalho daqueles que promoveram a sua recuperação.

 

Millo Corvo
Millo Corvo
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